Actualmente, muito se tem feito para combater os efeitos da passagem do tempo e da desertificação no interior da região centro de Portugal e uma das vertentes em que mais se apostou foi na valorização do nosso Património e da nossa História. E para todos os amantes da história do nosso país é extremamente apaziguador visitar estes locais e ver a população envelhecida e cheia de histórias para contar a socializar com as centenas de visitantes que têm visitado estes locais.
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Marialva
A bonita localidade de Marialva, pertencente ao concelho de Mêda, remonta ao séc. VI a.C., quando terá sido fundada pelos Túrdulos. Mais tarde, com a chegada dos romanos passou a ser conhecida como Civitas Aravorum. E assim se foi fazendo a sua história, tendo passado de mão em mão, de diferentes povos, como os Godos (que lhe chamaram S. Justo) e os árabes (que lhe chamaram Malva). Mais tarde, foi reconquistada por D. Fernando Magno de Leão, em 1063, que lhe deu o nome actual.
Em 1179, D. Afonso Henriques concedeu-lho o foral pela primeira vez. Séculos mais tarde, Marialva foi o local escolhido pelos judeus para se fixarem, algo que ocorreu durante anos.
Esta aldeia histórica é constituída por três núcleos distintos que são: a Cidadela (interior do Castelo), o Arrabalde (zona para além das muralhas) e a Devesa (situada a sul da Cidadela).
Marialva
O que visitar:
– Pelourinho
O Pelourinho de Marialva, é um monumento quinhentista, localizado no Largo da Praça junto a outros edifícios de interesse histórico, tendo sido declarado Imóvel de Interesse Público, desde 1933.
Este monumento assenta numa plataforma de quatro degraus octogonais e é constituído por uma coluna de base quadrada, que se eleva a cerca de 4 metros de altura, tendo no topo uma gaiola, constituída por dois chapéus piramidais. Na base do pelourinho está gravada a data de 1559, que será o ano em que provavelmente terá sido construído.
Pelourinho
– Capela do Senhor dos Passos
A Capela do Senhor dos Passos, localizada em frente à Igreja Matriz, terá sido construída no séc. XVII, mas terá sido no século seguinte que foi completada com a colocação de vários elementos decorativos de talha dourada e policromada.
No seu interior possui bonitos tectos de caixotões pintados com figuração hagiográfica e ainda um retábulo em talha de estilo joanino. No seu exterior pudemos encontrar um pequeno púlpito, onde eram feitas as pregações durante as cerimónias de Quinta e Sexta-feira de Páscoa.
Capela do Senhor dos Passos
– Castelo
O Castelo de Marialva, localiza-se no topo de um penedo e foi construído estrategicamente na região fronteiriça do Rio Côa. Acredita-se que foi começado a aquando do reinado de D. Afonso Henriques, mas foi no reinado de D.Sancho I, no séc. XIII, que o mesmo terá sido acabado.
Actualmente, encontra-se bastante arruinado mas aquando da sua construção era composto por dois núcleos amuralhados: a cidadela, pólo militar composto pela torre de menagem e três torres defensivas e o núcleo civil, composto pela zona administrativa (com o Tribunal, a Cadeia, o Pelourinho e antiga Casa da Câmara) e a zona religiosa (com duas igrejas e o cemitério).
Foi classificado como Monumento Nacional em 1978.
Castelo
– Cisterna Quinhentista
A Cisterna localizada no Castelo de Marialva é uma cisterna quinhentista, situada junto ao Pelourinho, no Largo da Praça.
A sua função era fornecer a água à população existente na Cidadela, uma vez que segundo a arquitectura militar uma cisterna era um elemento fundamental para a sobrevivência dos defensores, quando havia um cerco.
Largo da Praça onde se vê a cisterna quinhentista em primeiro plano
As minhas impressões:
Longe de qualquer outra povoação, Marialva destaca-se na paisagem da Beira Interior, no alto de uma colina, oferecendo uma atmosfera mágica, envolvida na memória dos tempos medievais.
Aqui poderá ainda visitar a Igreja de São Tiago, o tribunal e a cadeia, localizados na Praça onde se encontra o pelourinho e a cisterna quinhentista.
Monsanto
A aldeia histórica de Monsanto, localizada no concelho de Idanha-a-Nova, situa-se na encosta de uma elevação escarpada. As suas origens remontam ao tempo do paleolítico, havendo igualmente vestígios arqueológicos da presença romana, visigótica e árabe.
Durante o século XII, a localidade de Monsanto foi doada à Ordem dos Templários, tendo o foral sido concedido pela primeira vez em 1174. Mais tarde, em 1510 D. Manuel I concedeu à aldeia a categoria de vila.
Monsanto
O que visitar:
– Capela de São Miguel do Castelo
A Capela de São Miguel do Castelo, localiza-se entre o castelo e a torre de vigia medieval. Esta é a prova da existência de uma antiga povoação, denominada de S. Miguel. Encontra-se rodeada por um cemitério paleo-cristão, caracterizado pelas sepulturas escavadas na rocha granítica.
Ruínas da Capela de São Miguel do Castelo
– Castelo
O Castelo de Monsanto foi construído no topo de um monte granítico, a 758 metros acima do nível do mar, sob a orientação do Mestre da Ordem dos Templários, D. Gualdim Pais e mais tarde passou a pertencer à Ordem de Santiago. Posteriormente, terá sido ampliado a mando do Rei D. Dinis.
Este castelo raiano medieval possuía uma planta poligonal, rodeado de muralhas reforçadas com diversas torres quadrangulares.
Actualmente, ainda é possível encontrar a Torre de Menagem, a cisterna, as escadas de acesso ao adarve (caminho no topo das muralhas) e as ruínas da Capela de Nossa Senhora do Castelo.
Foi classificado como Monumento Nacional em 1948.
Castelo
– Capela de Santa Maria do Castelo
A Capela de Santa Maria do Castelo, edificada no final do séc. XVII, sobre uma antiga capela da Ordem dos Templários, localiza-se no interior do Castelo de Monsanto e está rodeada por um cemitério, cujas esculturas antropomórficas foram escavadas na rocha.
O seu interior é constituído por uma nave e uma capela-mor mais estreita, em alvenaria de granito.
Capela de Santa Maria do Castelo
– Torre de Lucano
A Torre de Lucano, também conhecida como Torre do Relógio, data do séc. XV, e acredita-se que poderá ter sido uma torre de vigia da povoação que se foi desenvolvendo à volta da Igreja Matriz a partir do séc. XV e durante o séc. XVI.
Actualmente, esta antiga torre sineira, ostenta uma réplica do Galo de Prata, que tornou Monsanto a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, eleita em 1938.
Monsanto com a Torre de Lucano em evidência
As minhas impressões:
Em Monsanto encontramos uma atmosfera de aldeia medieval única, emanada pelas suas ruelas íngremes, desenhadas pelas belas casas embutidas nas pedras espalhadas por toda a localidade.
Se visitar este bonito local não deixe de visitar também o forno comunitário, os chafarizes e a capela românica de São Pedro de Vir à Corça.
Piodão
O Piodão, localizado na Serra do Açôr, no concelho de Arganil, foi classificada como Imóvel de Interesse Público. Na Idade Média formou-se uma pequena povoação, a que foi dado o nome de Casas de Piodam, no local próximo da actual aldeia. Posteriormente, talvez no séc. XV, os seus habitantes tiveram que mudar de sítio e fizeram-no para a actual localização, estabelecendo-se na encosta da serra e ao longo dos tempos foram construindo as suas habitações de socalco em socalco.
A Igreja Matriz de Piodão, dedicada a Nª Sª da Conceição, está situada na praça principal e terá sido edificada na segunda metade do séc. XVIII, mas no séc. XIX a sua fachada foi reconstruída ao estilo neoclássico, depois de estar prestes a ruir. No seu interior encontra-se um belo altar-mor, em talha dourada, em estilo renascença e onde estão as imagens de Nª Sª da Conceição, de S. Miguel e de S. Sebastião.
Esta é a estrutura que mais se destaca nesta bonita aldeia, pois ao ser pintada de azul e branco foge aos tons cinzentos que por ali predominam. Para aceder a esta bonita igreja tem que se subir uma larga escadaria de xisto.
Igreja Matriz
– Capela de São Pedro
A Capela de São Pedro, localiza-se no cimo da aldeia, bem no topo do emaranhado de casas que compõem o local, fazendo com que muitas vezes passe despercebida.
É um simples templo do séc. XVI, possuindo uma imagem de São Pedro, do séc. XVI.
Capela de São Pedro
As minhas impressões:
O Piodão é dos locais mais inesquecíveis que se podem visitar, dada a sua beleza e peculiaridade. Perca-se nas suas ruelas íngremes, suba e desça as escadas e aprecie as bonitas casas de xisto, que conferem à paisagem um sabor medieval único.
Sortelha é uma localidade do concelho do Sabugal, que terá sido habitada por vários povos ao longo da sua história. Nomeadamente, os romanos, os visigodos e os muçulmanos, algo que foi acontecendo até à Reconquista Cristã. Então em 1228, D. Sancho II concedeu-lhe o foral e mandou edificar o castelo, mas o seu estatuto concelhio foi retirado séculos mais tarde pelo estado liberal, no séc. XIX
Sortelha
O que visitar:
– Castelo
O Castelo de Sortelha, classificado como Monumento Nacional, desde 1910, foi construído durante o séc. XIII, sobre um maciço granítico, a 760 metros acima do nível do mar. Mais tarde, durante a Restauração da Independência, o mesmo sofreu alteração, de modo a adaptar-se às novas técnicas militares, nomeadamente ao fogo da artilharia.
Este é um castelo românico-gótico, com um ou outro elemento manuelino, cuja cidadela fica fora do perímetro amuralhado, estando a torre de menagem bem no centro do recinto.
Castelo
– Pelourinho
O Pelourinho de Sortelha é um pelourinho manuelino, mandado construir em 1510, por D. Manuel e localiza-se no Largo em frente à Casa da Câmara e à Cadeia, bem no sopé do Castelo. É constituído por seis degraus octogonais e uma coluna, que não possui base e o seu capitel é canelado e circular. Bem no topo encontramos uma peça em forma de losango, quatro colunelos e ainda a esfera armilar alongada por um espigão de ferro.
Este antigo monumento foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1933.
Pelourinho
As minhas impressões:
Esta é sem dúvida uma das aldeias mais bonitas de Portugal, que nos transporta no tempo e nos inebria com a sua história. Como as suas casas tradicionais foram recuperadas, ao passearmos pelas ruas de Sortelha ficamos com a sensação que parámos no tempo e que pertencemos a um pedaço de história de Portugal.
Aqui ainda é possível visitar os Passos da Via Sacra, a Igreja Matriz, as Capelas de São Sebastião e de Santiago e ainda dois penedos graníticos com formas irregulares, chamados de “Pedro do Beijo” e “Cabeça da Velha”.
Trancoso
Trancoso, localizada no distrito da Guarda, é uma localidade situado no alto de um planalto. É conhecida por ter tido um papel fundamental a nível militar, durante a Idade Média. Em 1160, D. Afonso Henriques, conquistou a localidade e concedeu-lho o foral. Nos séculos seguintes Trancoso cresceu a nível comercial e populacional, o que levou a que D. Dinis mandasse alargar o perímetro das muralhas, o que consequentemente levou a uma remodelação da localidade. Trancoso é igualmente conhecida por, durante o séc. XV, ter acolhido a Judiaria.
Jardim em Trancoso
O que visitar:
– Castelo
O Castelo de Trancoso, classificado Monumento Nacional, em 1921, terá sido construído durante a Reconquista Cristã, no séc. X, sendo na altura apenas constituído por uma torre defensiva e mais tarde sido ampliado. Durante o séc. XII foi doado à Ordem dos Templários e passou a ser dotado de uma muralha defensiva.
É conhecido pelas suas características góticas, sendo composto pela Torre de Menagem e ainda por 5 torreões rectangulares.
Actualmente, é um dos ex-libris da arquitectura militar portuguesa.
Castelo
– Capela do Senhor da Calçada
A Capela do Senhor da Calçada é uma pequena e simples capela tardo-barroca, que terá sido construída no séc. XII. Situa-se à saída das portas de São João, junto ao cruzeiro do Senhor do Loreto. Possui uma torre sineira e na sua fachada principal encontramos um portal em lintel curvo, com um nicho em abóboda e com uma cruz bem no topo.
Originalmente, a capela estava situada em outro local.
Capela do Senhor da Calçada
– Pelourinho
O Pelourinho de Trancoso, localizado em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal, foi construído em 1590, possuindo características manuelinas. É feito em granito e composto por uma coluna de fuste e uma base quadrada. No seu topo encontramos uma gaiola composta por um colunelo central liso e oito colunelos de fuste cilíndrico, terminando em forma de pirâmide com a esfera armilar, coroada por uma cruz de Cristo em ferro. Foi classificado como Imóvel de Interesse Público, em 1933.
Pelourinho
– Portas do Prado
As imponentes Portas do Prado, de estilo gótico, estão integradas nas muralhas que circundam Trancoso, estando ladeadas por duas robustas torres e duas guaritas. No interior pudemos encontrar uma escada que dá acesso ao topo das muralhas, oferecendo uma paisagem magnífica sobre a cidade.
Portas do Prado
As minhas impressões:
A bonita localidade de Trancoso é conhecida pelas suas belas pedras de granito, que traçam as ruas sinuosas que percorremos e que se mantém desde a época medieval. Conhecendo a história do local a visita torna-se bem mais interessante, pois percorremos o seu castelo e as suas muralhas conscientes da importância que o local teve para a independência do nosso Portugal.
E assim termina o artigo sobre as belas aldeias históricas de Portugal e que espero que vos tenha deixado o bichinho para visitarem cada uma delas.
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Espero que tenham gostado 🙂 .
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5 thoughts on “Passeando pelas Aldeias Históricas de Portugal – 2”