Roma é uma cidade que deixa qualquer um que a visite completamente encantado e muitos dos locais que se destacam na cidade tiveram a contribuição de Bernini. Estes locais acabaram por se tornar símbolos absolutos desta cidade única e cheia de história. Assim, convidamos a cada um de vós a vir connosco descobrir a Roma de Bernini.
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Quem foi Gian Lorenzo Bernini?
Gian Lorenzo Bernini, mais conhecido apenas por Bernini, foi um sublime artista italiano, nascido em Nápoles, em 1598. Considerado por muitos como a grande expressão do barroco italiano, trabalhou principalmente como arquitecto e escultor mas também foi pintor, desenhista e cenógrafo.
Nascido no seio de uma família fiorentina, cedo se mudou para Roma, onde permaneceu até à sua morte, em 1680. Desde muito novo mostrou as suas habilidades enquanto artista, tendo ficado sob a alçada do Cardeal Sciopione Borghese e fazendo trabalho para este. Dada a sua proximidade com cardeais e papas é fácil perceber o porque de grande parte das suas obras estarem ligadas à igreja e à religião.
A sua obra caracteriza-se por um estilo excessivamente expressivo e realista. Ou seja, é fácil perceber as expressões faciais das suas esculturas assim como ter a ilusão do movimento dos corpos, cabelos e tecidos. Relativamente à arquitectura observam-se colunas retorcidas, jogos de luzes, entre tantos outros pormenores.
Roma de Bernini – as principais obras
Tal como já referi anteriormente várias são as obras de Bernini que se destacam na bela cidade de Roma. Assim, iremos falar um pouco sobre as mais importantes de todas. Venha então connosco conhecer um pouco de Roma de Bernini.
Rapto de Proserpina, Galeria Borghese
Segundo o mito romano, Proserpina foi a filha de Júpiter com Ceres. Certo dia, enquanto apanhava flores foi raptada por Júpiter, que a fez de sua esposa e a levou para as profundezas da Terra. A sua mãe, Ceres, ficou numa fúria terrível, levando a que esta castigasse o mundo e destruisse todas as colheitas e terras. Júpiter pediu a Ceres que devolvesse a vida às terras, esta consentiu se este lhe devolvesse a filha. Então ambos chegaram a um acordo, metade do ano Proserpina passava no submundo, junto do seu marido, que corresponde ao período de Outono e Inverno. Enquanto que na outra metade, passava à superfície junto de sua mãe, correspondendo à época de Primavera e Verão.
O Rapto de Proserpina é um belíssimo trabalho de Bernini, do século XVII, feito a mando do patrono das artes, o Cardeal Scipione Borghese e exposto na Galeria Borghese. A escultura feita em mármore, com elementos barrocos e em tamanho normal, representa o momento exacto do rapto. Nesta escultura, que representa a deusa em pânico, a lutar e empurrar Plutão, destacam-se os gestos e feições das personagens, que transmitem emoções violentas. Assim como, as linhas curvas e os drapeados das vestes dos protagonistas.
Piazza di San Pietro
A Praça de São Pedro considerada uma das mais bonitas praças do mundo, foi projectada por Bernini, no século XVII, em estilo clássico mas com elementos barrocos.
Construída a mando do Papa Alexandre VII tem uma forma elíptica e é composta por duas áreas distintas unidas por quatro colunatas, com 284 colunas feitas em travertino, 88 pilares e cerca de 140 estátuas de santos, feitas em 1670 pelos discípulos de Bernini. A função da colunata oval era dar uma visão harmoniosa ao conjunto praça-basílica. No projecto inicial existia uma outra colunata que complementava o projecto, mas que não se concretizou devido à morte do Papa Alexandre VII.
Bem no centro da Praça é possível ver um belo obelisco egípcio assim como duas fontes, uma das quais projectadas por Bernini.
Baldaquino do Túmulo de São Pedro, Basílica de São Pedro
Bem no centro do presbitério da Basílica de São Pedro está o belíssimo Baldaquino do Túmulo de São Pedro. Este fantástico relicário de Gian Bernini foi criado para colocar no altar papal, bem por cima do túmulo de São Pedro. Mandado construir pelo Papa Urbano VIII Barberini, este alto baldaquino, com quase 30 metros de altura, é feito em bronze dourado, retirado do Panteão Romano. A sua construção iniciou-se em 1624 e resultou numa bela e incomum construção, com vários elementos barrocos.
Vários são os elementos que se destacam nesta verdadeira obra de arte. Como por exemplo, a série de 8 brasões que estão no lado externo dos pedestais de mármore, as suas gigantes colunas retorcidas, decoradas com galhos de oliveira e louro assim como vários querubins esculpidos. Mas existem vários outros elementos maravilhosos no Baldaquino, nomeadamente as abelhas heráldicas da família de Barberini que se destacam no Brasão de Armas e as Chaves de São Pedro, que representam o símbolo dos valores centrais da fé cristã. Por fim, temos no topo do Baldaquino 4 anjos esculpidos quase em tamanho real e que parecem segurar as colunas e ainda a Tiara Papal esculpida, considerada um símbolo de poder.
Fontana del Tritone, Praça de Barberini
Ao visitar a Praça de Barberini, praça que nos anos 60 foi o centro da Dolce Vita de Roma, encontramos duas fontes construídas por Bernini, em 1640. Construídas a mando da família Barberini, a Fontana delle Appi e ainda a Fontana del Tritone.
A Fonte do Tritão, foi construída a mando do Papa Urbano VIII Barberini, para decorar a praça com o mesmo nome, bem em frente ao Palácio Barberini. Nela é possível ver o Tritão com busto de homem e cauda de peixe, com a cabeça virada para trás, enquanto bebe água de uma concha. É por essa concha que sai a água da fonte.
Já a Fonte das Abelhas é composta por uma bela concha bivalve de mármore, com três abelhas apoiadas sobre a concha, este animal era o símbolo da família Barberini. Esta fonte foi construída para servir de bebedouro de cavalos.
Fontana dei Quattro fiumi, Piazza Navona
A Fonte dos Quatro Rios é a principal atração da Piazza Navona. Construída em 1651, Bernini projectou quatro estátuas que simbolizam o Rio Ganges, Danúbio, Prata e Nilo. As estátuas estão montadas sobre um belo obelisco egípcio e estão rodeados de leões assim como outros animais. No cume do obelisco está uma pomba em bronze, que para além de ser o símbolo da família Pamphili representa a paz no mundo.
Êxtase de Santa Teresa, Igreja de Santa Maria della Vittoria
O Êxtase de Santa Teresa é uma escultura que pretende representar a experiência mística de Santa Teresa de Ávila quando trespassada por uma seta de amor divino infligida por um anjo.
Esta escultura, considerada uma das maiores obras primas do barroco, foi esculpida por Bernini entre 1645 e 1652 e encontra-se exposta na Capela Cornaro, na Igreja de Santa Maria da Vitória.
A escultura de mármore e bronze, encomendada por Federico Cornaro, é repleta de drama, emoção e movimento. Ou seja, nesta obra Bernini conseguiu colocar características sagradas e profanas, representando uma mulher desfalecida, mostrando estar entre o limite do prazer e da dor, denotando-se inclusivé alguma tensão erótica. Ao lado da figura feminina é possível ver um anjo com uma flecha, que afasta a túnica da mulher, para a atingir com a dita flecha.
Obelisco do Elefante, Piazza Minerva
Na Piazza della Minerva encontra-se o elegante Elefantino, ou seja uma bela escultura de um elefante bebé com o obelisco egípcio às costas.
Este é mais uma bela obra projectada por Bernini, que depois foi executada por Ercole Ferrata. O elefante é um antigo símbolo da inteligência e piedade, personificando as virtudes com que os cristãos podem alcançar a verdadeira sabedoria.
Fontana della Barcaccia, Piazza di Spagna
A Fonte da Barca é uma engraçada fonte barroca construída pelos dois Bernini, Pietro (pai) e Gian (filho), em 1627, para o Papa Barberini Urbano VIII. Localizada junto à Scalinata di Spgna, representa um barco a naufragar, com a água dentro do barco a jorrar para fora. Na decoração da fonte é possível ver várias abelhas e sóis, que constituíam o brasão da família Barberini.
Acredita-se que esta fonte foi inspirada num naufrágio de um barco, trazido para a Praça de Espanha, quando se deu a enchente do Rio Tibre, em 1598.
Estátuas da Ponte do Castelo de Sant’Angelo
A Ponte de Sant’Angelo é uma bonita ponte sobre o Rio Tibre, junto ao Castelo Sant’Angelo. A ponte inicial foi construída para que pedestres a utilizassem para chegar à Basílica de São Pedro e como tal o seu nome original era Ponte São Pedro. Mais tarde, o Papa Gregório I alterou o nome para Ponte Sant’Angelo, após o surgimento de uma lenda, que dizia que um anjo apareceu no topo do Castelo. Por volta de 1450 a ponte ruiu devido ao elevado número de pessoas que ali passavam. Assim, foi necessário proceder a uma restauração da mesma.
Por volta 1669, o Papa Clemente IX, encomendou a Bernini novas estátuas de anjos, para substituir as antigas, de modo a representar as diferentes fases da Paixão de Cristo. Ou seja, cada Anjo segura em suas mãos um símbolo do sofrimento e da morte de Cristo. As esculturas foram desenhas por Bernini e a sua execução ficou a cargo de Bernini e dos seus discípulos.
O Êxtase da Beata Ludovica Albertoni, Igreja de San Francesco de Ripa
O Êxtase da Beata Ludovica Albertoni, esculpida por Bernini, representa uma beata num estado de êxtase religioso. Localizada no altar da Capela Altierui, foi iniciada por Bernini em 1671. A Beata Ludovica Albertoni foi uma nobre romana, que entrou na Ordem Terceira de São Francisco após a morte do seu marido, passando então a viver uma vida dedicada aos mais pobres. Assim, o seu sobrinho o Cardeal Paluzzi degli Albertoni, após a beatificação da tia, decidiu fazer uma grande reforma na capela e torná-la local de veneração da beata. A obra foi atribuída a Bernini, que a esculpiu gratuitamente, sendo esta uma das suas últimas obras.
Na escultura de mármore a beata está deitada num colchão, no momento da comunhão mística com Deus. É possível ver as dobras do seu hábito, que simbolizam o seu estado turbulento, enquanto a sua cabeça está atirada para trás. A tapar as suas pernas está um lençol bastante enrugado que cobre um sarcófago de mármore vermelho, onde Ludovica está sepultada. O painel por de trás da estátua está decorado com romãs estilizadas.
O Salvatore Mundi, Convento de San Sebastino fuori le mura
O Salvatore Mundi foi a última obra de Bernini. Este é um busto de mármore de Jesus, esculpido pouco tempo antes de Bernini falecer. Este deixou a sua última obra em testamento à sua amiga e patrona, a Rainha Cristina da Suécia. Perdido desde o início do século XVIII foi encontrado em 2001, por Francesco Petrucci e colocado no Convento de São Sebastião Fora dos Muros.
Na escultura, Jesus é representado num tamanho superior ao normal e com a mão direita levantada, como se estivesse a abençoar alguém.
Tal como já falámos é fácil perceber, em toda a obra de Bernini, o realismo e a emoção patente nas esculturas. Este procurou dar movimento, vida e calor, a cada uma das suas obras, refletindo um trabalho de excelência do realismo e naturalismo, com ênfase no drama teatral, dinamismo e textura.
Espero que tenha gostado de conhecer connosco um pouco de Roma de Bernini.
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Patrícia, já vi muitas destas obras de Bernini em Roma, mas gostei de ler sobre seus detalhes. A experiência de ver com conhecimento transforma a viagem, seja no momento ou no retorno, obrigada por compartilhar.
Eu sou uma apaixonada por Bernini e a Galeria Borghese é o meu museu preferido em Roma. Só me falta conhece o êxtase de Santa Teresa. Saudades de Roma…
Que interessante seu post!! Nunca tinha lido um recorte sobre Roma a partir desse artista. De fato a obra dele marca Roma profundamente!
Acho que preciso voltar umas 30x para Roma até conhecer e entender tudo que essa cidade tem. Certamente vou querer seguir essa rota de Bernini, só obras incríveis!
Que legal seu olhar sobre Roma de Bernini, jamais viajaria com essa intenção rs, a gente perde muita coisa por não ter informações assim